Do que sou feita



Era o ano de 1993 quando nos conhecemos. Eu tinha 15 na época e muitas, muitas ilusões (que eu não raramente confundia com sonhos) na vida. 

Fui passear na cidade perto de onde você morava. 

Ele era bonito, mais velho que eu (coisa não muito difícil para uma menina), cabelos negros e pele branca. Jeito sério, mas às vezes conseguia arrancar um sorriso. Sorriso bonito e triste.

Foram muitas as palavras escritas e trocadas (mais da parte dela), foi muito tempo dedicado a algo que nenhum dos dois entendia muito bem. Sempre achei que fosse especial. Pois, era, na verdade.

Tinha tudo para ser um enredo mexicano, menina da cidade com um rapaz do interior, os pais dela não aprovavam isto. 

O tempo foi passando, os dois ainda acreditando. Ela, pelo menos. 

Ele mudou. 

Ele mudou seu jeito, de cidade, de Estado...

Então entrou a distância para colaborar com o tempo. 

Já não era especial. Aquilo ficou feio, longe e sem luz. 

O telefone tocou um dia, 20 anos depois. Para surpresa, ela escutou uma voz do outro lado da linda: Precisava te dizer adeus porque não gosto de nada mal acabado. 


Preocupou-se em fazer direito o fim. Mas não o fez no começo e no meio. Era como se alguém pudesse ler a mente do escritor da história...  É que tudo era muito óbvio.

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